Brasília-DF, 09 de fevereiro de 2009.
Por: Silvana do Carmo Scórsin, Publicitária, 40 anos.
Planejei ser mãe quando terminasse a faculdade, quando tivesse estabilidade profissional, financeira e emocional, e sendo assim, em 1998 eu e meu marido decidimos ter nosso filho, e neste mesmo ano engravidei. Nosso sonho e nossa alegria duraram exatamente 10 semanas, pois perdi nosso bebe com 6 semanas. Ouvimos todas as frases prontas “ Deus quis assim”. “Isso é muito normal” …
Me refiz, e em 1999 engravidei novamente. Foi uma gestação muito difícil, foram quase 9 meses de repouso absoluto, tive sangramentos quase toda a gestação e aos 5 meses uma hemorragia muito séria, e quase perdi Gabriel. Mas, graças a Deus e ao grande médico que me acompanhou, Gabriel nasceu saudável com 36 semanas.
Achei que nunca mais fosse pensar em ser mãe, mas minha memória seletiva deletou todo o sofrimento e quando Gabriel completou 4 anos senti que em minha vida tinha espaço para mais alguém e que desta vez poderia ser diferente afinal, nenhuma gravidez é igual a outra – dizia minha mãe. Foi aí que minha jornada, que parecia não ter fim, começou. Engravidei sem nenhum problema, mas na sexta semana, o coração do bebe parou. Meu médico, na época, disse que havia algo de errado, e que eu deveria investigar, mas achei que seria outra fatalidade. Então, após me recuperar da curetagem e psicologicamente, tentamos novamente, só que não consegui engravidar normalmente e começamos a induzir a ovulação, mas não dava certo, então procuramos ajuda de uma clinica de reprodução e começamos uma investigação que incluiu: indução, vídeo laparoscopia, histossalpingrafia, histeroscopia entre tantos outros. Eu tinha um útero septado que poderia justificar as perdas e o sofrimento na gestação de Gabriel. Sai de férias no final de 2006 com a Septoplastia do útero marcada para minha volta, mas retornei grávida e infelizmente por pouco tempo, pois mais uma vez, na sexta semana, o sangramento e a notícia da perda. Neste momento, eu tive vontade de desistir, foi muito dolorido me achar incapaz, me culpar pelas perdas. O que me confortou foi ter Gabriel comigo, mas também era triste saber que ele queria aquele irmão, que ele ficou tão feliz quando soube que eu estava grávida.
Bem, não sei como, mas arranjei forças e fiz a cirurgia no útero em abril de 2007 e em outubro deste mesmo ano estava grávida novamente. Desta vez, tanto meu ginecologista, como o médico da reprodução humana estavam otimistas e eu e meu marido também, mas infelizmente na sexta semana logo após ouvirmos o coraçãozinho bater no outro dia sangrei e perdi minha bebe, sim porque desta vez pedi para colher o material e fazer uma investigação dos restos do aborto. Foi angustiante saber que era uma menina, a garotinha que tanto sonhamos – eu, meu marido e toda a nossa família.
Afinal, como descrever a frustração, a decepção, o desgaste, o cansaço, a entrega… Não sei! Eu sempre fui uma pessoa que nunca me deixo vencer, acho que tudo tem solução, busco a Deus e tenho muita fé. Ainda bem!
Em um dos abortos, a ecografista, me falou sobre a imunologia, e penalizada com meu sofrimento, levou em minha casa o folheto sobre o tratamento imunológico que eu já tinha conhecimento mas não acreditava ser este meu problema, uma vez que eu me meu marido já tínhamos o Gabriel. Foi então que pesquisei sobre o assunto e descobri que existia sim a possibilidade de eu e meu marido termos a compatibilidade imunológica.
Resolvi que pensaria no assunto e me dei um tempo, mas pedi ao médico da reprodução humana que me fizesse a solicitação do exame “Crossmacth”, eu tinha o direito de tentar pelo menos descobrir qual era o problema e investigar me fazia sentir menos culpada . Para minha surpresa o resultado foi negativo, sinal que apontava que eu e meu marido éramos compatíveis e isso atrapalhava minhas gestações. Como já estava perto de completar 40 anos achei que poderia me dar uma última chance e de posse do resultado do exame marquei com o Dr. Manoel Sarno. Foi uma injeção de ânimo e esperança, além do problema imunológico, em meus exames detectamos uma mutação em um gene que poderia resultar em problemas de trombofilia. Fui muito bem acompanhada e orientada e logo na segunda dose da vacina, o exame deu positivo. Fui liberada para engravidar e no primeiro ciclo consegui, sem nenhuma indução.
Enfim, apesar dos medos, de um pequeno sangramento, das injeções diárias de heparina , tive a sorte de estar com o mesmo médico que me cuidou na gravidez de Gabriel, e que me assistiu quinzenalmente para me dar maior segurança. Fazia ecografias só para eu ouvir o coração dele e me acalmar. A gestação foi evoluindo satisfatoriamente e a cada semana era uma vitória. Tive apoio e carinho da bióloga Priscila que me deu muita força e coragem e me colocou nas mãos do Dr. Luiz Gustavo que também me passou tranqüilidade nos momentos em que mais precisei, afinal, só quem já teve 4 abortos pode imaginar o que é sentir medo todos os dias. Qualquer dor é motivo de alarme. Mas, conseguimos e graças ao tratamento e aos profissionais que citei acima, o Gustavo veio ao mundo para ocupar aquele espaço que eu disse existir em nossas vidas. Quero muito através deste depoimento, que outras futuras candidatas a mãe não desistam, que lutem, porque no final a recompensa é a mais valiosa de todos os tesouros do mundo. Valeu a pena toda a jornada, pois hoje me sinto forte, me sinto vitoriosa e confiante. Eu, Alex e Gabriel somos mais felizes com a chegada de Gustavo e todos agradecemos primeiramente a Deus, depois aos médicos que com muito profissionalismo e dedicação foram parte do sucesso desta nova vida. Um agradecimento especial a bióloga Priscila que sempre tão sorridente e tão prestativa me encheu de coragem o tempo todo. E a todos os pais que buscam esse sonho…
Que Deus abençoe e dê muita saúde ao Dr. Manoel Sarno e toda a sua equipe para que continuem a estudar para ajudar a realizar sonhos que parecem impossíveis. Estarão sempre em nossas orações todos os médicos que nos ajudaram a trazer Gustavo para nossa vida. Recebi carinho e atenção de todos e essa gratidão será eterna.