Nossa história se inicia em 2006, quando aos 35 anos de idade começamos a tentar engravidar para finalmente aumentar a família. Gostaríamos de ter iniciado bem antes, pois sabíamos que a partir dessa idade, as chances da mulher ter uma gravidez saudável vão diminuindo assustadoramente, mas infelizmente as nossas condições econômicas não permitiram que tal decisão fosse tomada mais cedo. Coisas da vida.
Engravidamos logo de início. Ficamos eufóricos. Finalmente, muito em breve iríamos ter mais uma pessoinha em casa. Tudo estava correndo muito bem. Eu me sentia ótima, super disposta. Fiz minha primeira ecografia com 6 semanas e lá estava o embrião, bem implantado com coraçãozinho batendo e tudo mais. Continuamos tocando nossa vida normalmente quando, numa determinada tarde de quarta-feira no trabalho, comecei a perceber um pequeno sangramento. Fiquei apavorada. Corremos para o médico. Eu já estava em processo de aborto. Foi horrível. Com 8 semanas perdemos nosso primeiro bebê.
Logo pensamos que a minha idade já estava começando a dar sinais de que eu teria dificuldades à frente. Fiz uma bateria de exames e descobrimos que eu tinha insuficiência lútea, uma condição muito comum em primíparas maduras (gestantes “velhas”), que era o meu caso. Minha progesterona era tão baixa que não sabíamos como minha gravidez tinha evoluído tanto e chegado a 8 semanas. Pronto. Que felicidade, em meio a tanta tristeza, tínhamos descoberto o problema. Na próxima vez era só administrar a tal progesterona e tudo ia dar certo. Ledo engano. Passados três meses engravidamos novamente. Agora já sabendo da minha condição hormonal, nos cercamos de todos os lados. Tão logo descobri que estava grávida comecei a tomar a progesterona. Diminuí o ritmo. Agora estávamos mais atentos a qualquer sinal de problema. Mas a insegurança era muita, só quem já passou pela experiência de uma perda desse tipo sabe o que ela significa. Fizemos a primeira ultrassonografia com 6 semanas novamente. Tudo estava ótimo. Continuei com o hormônio. Com 9 semanas voltamos para mais um exame de imagem. Devido ao nosso histórico, embora eufóricos, estávamos extremamente tensos. Agora tudo ia dar certo. Certo? Quando a surpresa. Não era detectado nenhum movimento cardíaco. Nunca vou me esquecer destas palavras no laudo médico: Batimento = 0. Por um momento achei que estava sonhando, aquilo não podia estar acontecendo de novo. Ficamos devastados. Fui submetida a uma curetagem. Desta vez queríamos analisar o “material” colhido. Precisávamos de mais respostas. Um mês depois recebemos o resultado. Eu estava grávida de uma menina que tinha uma síndrome genética. Logo concluímos que este tinha sido o problema.
Se não estou enganada, estima-se que cerca de 20% das gestações onde exista uma deficiência genética culminem em aborto. Este é um jeito que a natureza dá para promover a famosa seleção natural. Era mais uma vez a minha idade (agora 36 anos) dando o ar de sua graça. Parecia uma corrida contra o tempo. Fiz mais exames e tudo estava absolutamente normal. Demos um tempo para as nossas cabeças. Viajamos. Espairecemos. Nove meses depois estávamos grávidos de novo. Agora era a terceira vez. Fiz repouso. Continuei com a progesterona. Como certa vez disse meu pai, tínhamos essa “barreira do som” das nove semanas para romper. Além de todas as adversidades inerentes à situação ouvíamos comentários dos ditos “amigos” dizendo: vocês vão insistir “nisso”? Ficávamos indignados. Como assim? Filho agora é “isso”? Era muito triste. E daí, na nona semana, veio outro aborto. Novamente, batimento = 0. Agora sim eu era um caso médico.
A medicina só considera a situação de aborto recorrente quando a situação se repete por 3 vezes. Tudo contribuía para um falso diagnóstico. Éramos verdadeiros frangalhos emocionais. Pensávamos ser inadmissível não acharmos a causa do problema. Quando num determinado dia, de madrugada, na recuperação da minha curetagem, conectei-me à Internet e comecei minha pesquisa. Li inúmeros depoimentos longos como este. Vi pessoas que padeciam da mesma situação. Impressionante. A uma certa altura, acho que guiada por Deus, abri o site do Dr. Ricardo Barini. Comecei a ler tudo que passava diante dos meus olhos e pensei: meu Deus pode ser isso. Logo pela manhã entramos em contato, por meio da minha sogra que também é obstetra, com o Dr. Barini e ele orientou que procurássemos a Aloimune, que aqui em Brasília é quem dá continuidade ao trabalho dele. E assim conhecemos o Dr. Manoel Sarno, este dedicado médico baiano que uma vez por mês abandona sua cidade e vem para Brasília prestar esse valioso atendimento a casais que aqui precisam de sua orientação. Marcamos uma consulta.
Algo nos dizia que tínhamos descoberto a pólvora. O Dr. Sarno nos explicou tudo. Foi uma luz no fim do túnel. Fizemos um total de 47 exames, afinal tínhamos que esgotar todas as possibilidades. Os resultados foram chegando e, um a um, tudo ia se mostrando absolutamente normal. Até que um dia um tal de crossmatch se apresentou alterado. Era isso. Agora sim, era isso. Iniciamos o tratamento. Começamos com as sessões de imunização. A cada mês eu recebia no braço 3 vacinas com os linfócitos extraídos do sangue do meu marido e após quatro meses de tratamento, meu organismo estava preparado para engravidar novamente. Engravidamos. Era a quarta vez. Aos poucos fomos ficando mais confiantes que tudo ia dar certo mas as ecografias ainda eram uma barreira psicológica que parecia intransponível. Foi então que conhecemos o Dr. Luiz Gustavo, parceiro do Dr. Sarno na CEAF (clínica onde recebíamos atendimento), foi um dos maiores suportes emocionais que recebemos durante toda gestação. Médico que designamos como responsável pelas ultrassonografias, o Dr. Luiz foi nos esclarecendo minuciosamente passo a passo todos os exames de imagem que ele fazia no nosso precioso David. Competência, dedicação e profissionalismo são as palavras que melhor descrevem o Dr. Luiz Gustavo. Dia a dia, a gestação ia progredindo. Finalmente rompemos a “barreira do som” das 9 semanas. Parecia um sonho.
Paralelamente, continuamos com as imunizações até o quarto mês de gravidez, como manda o figurino. O que parecia impossível ia se tornando realidade. Finalmente, ao dia 27 de fevereiro de 2009, com 38 semanas e 2 dias de gestação, nasce pelas mãos da Dra. Márcia e do Dr. Luiz o nosso tão esperado filho, David, esse pequeno vencedor, que rompeu todos os obstáculos e chegou enchendo a nossa vida de alegria.
Hoje quando vemos casais com as mesmas dificuldades, sugerimos para que eles façam a investigação que nós fizemos.
Palavras não são capazes de expressar nossa gratidão a essa equipe médica que com tanta capacidade nos orientou desde o início. Também não podemos deixar de mencionar a minha obstetra, Dra. Márcia Nóbrega, esta profissional fantástica, um anjo que apareceu em minha vida e que sempre confiou que tudo ia dar certo. Gostaríamos de agradecer também a Marta e a Priscilla, responsável pela produção das “miraculosas” vacinas, que sempre nos deram força para que não desanimássemos; e sobretudo a Deus sem o qual nada disso seria possível, afinal, é dele proveniente todo conhecimento.
Um grande abraço a todos que participaram desse sonho,
Andrea, Gustavo (o marido companheiro) e David.