Minha vida mudou completamente depois que fui mãe pela 1ª vez, em fev/1998. Foi uma gravidez muito desejada. Meu marido e eu tiramos férias e passamos 30 dias viajando, na certeza que voltaríamos “grávidos”. Eu queria engravidar naquele mês de maio/1997 para que o bebê fosse do signo de aquário! E, felizmente, deu tudo certo, como planejado. Cuidar dela sempre foi tão bom que, desde que nasceu, ficamos com uma vontade enorme de ter um segundo filho.
Quando ela completou 4 anos, já cobrava muito um irmãozinho, resolvemos que era hora de atendê-la. Pensamos que seria fácil, como na 1ª vez, mas só engravidamos após quase um ano tentando. Entreguei uma fita ao médico, para gravar o ultra-som de 8 semanas da gestação. Nem quando ele retirou a fita, sem começar a gravar, suspeitei de nada. Foi um choque ouví-lo dizer que o coração do bebê não estava batendo. Chorei muito. Precisávamos fazer a curetagem e não havia vaga em 2 hospitais de Salvador. Precisei esperar 2 dias para internar, enquanto ouvia comentários que “foi melhor assim, devia ter má formação”, “Deus sabe o que faz”, etc.
Depois começamos a tentar engravidar de novo, e nada. Troquei de médico, pois o antigo dizia que eu não precisava fazer o exame histerossalpingografia e ficava querendo que eu tomasse remédios para ovular (fugi de ter gêmeos!). Fiz o tal exame doloroso (o que a gente não faz quando deseja tanto um filho?): o raio X mostrou que minhas trompas estavam, como dizer, uma fora do lugar (muito distante do ovário, não poderia engravidar se ovulasse daquele lado) e a outra, totalmente enovelada (enrolada nela mesma) – por isso a demora em engravidar.
Mesmo com as trompas “complicadas” desse jeito, engravidei logo depois (a histerossalpingografia deve ter ajudado!). Mas ficava temerosa, sem conseguir acreditar que daria certo. De novo, 8 semanas, aborto retido, outra curetagem. Desta vez, fizemos vários outros exames, inclusive genéticos, exames caros, mas todos apresentaram resultados normais. Não encontramos explicação da causa dos abortos.
Fiquei muito tempo arrasada, sem coragem para tentar novamente. Minha cunhada já havia comentado sobre o tratamento que havia feito com Dr. Ricardo Barini, em Campinas. Após muitas perdas, ela conseguiu ter filhas, apesar de terem nascido antes do tempo (não em função do tratamento). Mas eu não conseguia entender como aquilo se aplicaria à nós, já que eu e meu marido tínhamos uma filha, de uma gravidez normal.
No site de Dr. Barini, não encontrei história de alguma mãe que não estivesse conseguindo ter o 2º filho – só havia relatos de mulheres querendo ser mães pela 1ª vez. Eu lia e relia, e não sentia que aquilo pudesse se aplicar ao nosso caso, ou que eu fosse ter coragem para buscar este tratamento, que me pareceu tão cansativo, e não coberto pelo convênio.
Depois de algum tempo, resolvi encaminhar e-mail ao Dr. Barini. Fiquei muito surpresa ao receber rapidamente sua resposta, informando que, o que provavelmente estava acontecendo comigo é denominado aborto secundário, ou seja, aborto do 2º filho, e acometia 15% de suas pacientes. Achei o percentual muito elevado. Quanta gente com o mesmo problema! Minha cunhada dizia que sempre encontrava no consultório, casais que já tinham filhos, querendo ter mais um, sem conseguir. Ainda assim, eu continuava sem acreditar que ali estaria a nossa solução.
Finalmente, resolvemos fazer o crossmatch – o resultado apontou que precisávamos das vacinas. Como moramos em Salvador, só tomei coragem para iniciar o tratamento após saber que no início do ano seguinte, em 2005, seria inaugurado, nesta cidade, um laboratório que faria as vacinas, a ALOIMUNE IMUNOLOGIA DA REPRODUÇÃO. Então, no final de 2004, viajamos duas vezes até São Paulo e fizemos as duas primeiras vacinas, esperando ficar entre os 85% dos casais que, logo após essas primeiras doses, são liberados a engravidar. Novo crossmatch revelou que precisaríamos repetí-las…
Preferimos não voltar mais a São Paulo, devido aos custos, muito embora eu e meu marido tenhamos aproveitado para passear bastante nas duas vezes em que lá estivemos. Esperamos abrir, em Salvador, o consultório do Dr. Manoel Sarno, para reiniciar o tratamento. Passamos boa parte do ano de 2005 tomando vacinas (mais 8) e realizando exames, até que, finalmente, em agosto, estávamos “liberados” com o crossmatch positivo.
Eu não tinha mais problemas nas trompas, pois no início do ano havia feito uma videolaparoscopia, visando “consertar” tudo (queria deixar tudo pronto, para quando recebesse o “sinal verde”, não encontrasse dificuldades para engravidar). Engravidamos às vésperas de uma viagem, no início de outubro/2005. Andei de montanha-russa seguidas vezes (adoro!), sem saber que já estava no início da gravidez. Comecei esta gestação ainda com receio, mas na medida em que a barriga ia aumentando (e como aumentou!), ia perdendo o medo.
Seguindo orientações do Dr. Barini, Dr. Manoel e Dr. Gaspar, para evitar trombose, precisei tomar uma injeção por dia, que meu marido aplicava, durante os 9 meses, de Heparina – um medicamento que doía “no corpo e no bolso”. Tive um pós-parto complicado: pressão muito alta e hemorragia. Fui internada às pressas, por causa da hemorragia, quando o bebê tinha apenas 2 semanas. O bebê tinha cólicas até completar 2 meses e por isso nunca dormia à noite, e muito pouco, de dia. E não contratamos babá nem enfermeira, pois esperei muito por este momento, então, quero curtir tudo. Todas as dificuldades pelas quais passamos não pesam nada, quando vejo meu filho, hoje com 4 meses, lindo, que nasceu após 4 anos de idas e vindas, com 52,5 cm e 3.840 g. Agradeço à Deus e aos médicos que nos ajudaram a ter nosso bebê.
Minha filha já está com 8 anos e nossa felicidade está completa. Gostaria de dizer a quem está tentando ter um filho, que nunca desista, e que todo e qualquer sacrifício, vale a pena para ver seu sonho realizado e crescendo, a cada dia!