Quando realizamos nossa primeira consulta com o Dr. Barini fazia apenas uma semana que havíamos perdido nosso segundo bebê. Estávamos muito frágeis e amedrontados. Na sala de espera havia um casal com seu bebê recém-nascido. Nos indagávamos em silêncio – será que algum dia iremos conseguir? Esta era uma pergunta repleta de desesperança.
Sofremos duas perdas – no oitavo e no sexto mês de gestação -; neste período peregrinamos em vários médicos onde éramos orientados a refazer exames que já havíamos feito no pré-natal (toxoplasmose, rubéola, HIV, etc…) cujo resultado era sempre inalterado.
Feito isto éramos convencidos de que não havia problema de saúde que justificasse nossas perdas, ou seja, havíamos sido vítimas do azar… Éramos obrigados a nos conformar com a condição de “azarados” e pior ainda, saíamos sem uma resposta concreta do que havia de errado conosco.
Já no primeiro contato com o Dr. Barini percebemos que seria diferente. Sentados frente a frente não nos deparamos com explicações escatológias, mas com indagações pertinentes e, principalmente, com a sugestão de uma investigação por meio de exames que nunca nos haviam nos solicitado anteriormente; Protombina, Fator V de Leiden nos sinalizavam que estávamos diante de um pesquisador sério, cauteloso e, principalmente, alguém que valorizava nosso fragilizado estado emocional.
Finalmente não teríamos que refazer exatamente os mesmos exames para receber exatamente a mesma resposta – está tudo normal. Será que é normal perder duas gestações em estágio avançado? Normal para quem? Para médicos que nos vêem como números e não como seres providos de emoção?
A investigação do Dr. Barini deu nome ao nosso “azar”, através dela recebemos o diagnóstico de Trombofilia e Insuficiência do Colo Uterino, resultados estes que em nada abalaram a sua tranqüilidade, o que nos deixou muito confiantes.
Passaram-se alguns meses e em maio de 2003 veio o teste de gravidez positivo. Durante 38 semanas de gestação tivemos o acompanhamento do Dr. Barini. Sua absoluta competência é diretamente proporcional à sua sensibilidade. Habituado a lidar com casais que sofreram abortos recorrentes, ele mantêm uma postura extremamente humana, vivenciando o sofrimento de seus pacientes com respeito e compreensão. Todo mês chegávamos para nossa consulta com uma lista de perguntas, mais um sem número de temores; e de lá saíamos tranqüilos, felizes e, principalmente, seguros.
Nossa querida filha nasceu às 18:03 do dia 23 de janeiro de 2004. Inútil narrar nossa emoção e a certeza de poder afirmar – deu certo! Conseguimos! Ainda hoje eu me emociono ao relembrar o abraço que o Dr. Barini me deu após o parto quando eu, inutilmente, tentava verbalizar o significado que ele teria para toda a nossa vida. Mais do que nunca reconheci a importância de ter ao nosso lado não apenas o médico, o pesquisador, o cientista, mas alguém que compartilhou nossas emoções.
Quando retornamos ao consultório do Dr. Barini para a consulta pós-parto – desta vez com a Lina no bebê- conforto, a sala de espera estava cheia…Confesso que fiquei um pouco constrangida ao perceber emoções semelhantes aquelas que sentimos em nossa primeira consulta. Meu desejo era poder responder a todos aqueles olhares que se indagavam em silêncio: Sim ,vocês também vão conseguir!
Hoje, por mais contraditório que possa parecer, acredito que nos foi possível tirar coisas positivas destas terríveis experiências. Muitas vezes deparo-me com mães que reclamam ter muito trabalho para cuidar de seus bebês. Trabalho, eu me indago? Que trabalho?
Só consigo pensar em seus sorrisos que me emocionam. Sem falar no amor que “exala” de seus olhinhos quando ela nos vê. E a confiança que ela nos deposita? E as coisas singelas da vida que ela nos fez perceber – admirar as sombras, o balanço das folhas, a vibração intensa de uma cor….
Cada dia que passa é mais um dia a nos comprovar:
– Que bom que não desistimos;
– Que bom que encontramos uma reposta;
– Que bom ter nossa filha ao nosso lado amanhecendo para mais um dia de vida!