Grupo apoia casais com dificuldades para ter filhos

Estimativas mostram que infertilidade atinge 30% das pessoas em idade reprodutiva

Um ano de tentativas frustadas e o bebê não vem. Este é o primeiro sinal para que muitos casais com vida sexual ativa comecem a desconfiar que estão convivendo com a infertilidade. Para muitos, começa aí uma verdadeira luta, com visitas a especialistas, exames médicos, tratamentos, muita ansiedade, expectativa e mais frustração quando a menstruação chega no mês seguinte. Estimativas mundiais revelam que cerca de 30% dos casais em idade reprodutiva sofrem com algum tipo de dificuldade para engravidar. Já as perdas gestacionais atingem cerca de 5% da população mundial. No Brasil, estima-se que um milhão de casais sofrem com o problema.

Homens e mulheres que vivenciaram essas situações podem agora trocar experiências e contar com apoio psicossocial gratuito, no primeiro grupo de encontro para casais com problemas de fertilidade e perdas gestacionais, inaugurado, ontem, no Centro Médico do Hospital Aliança. Coordenado por profissionais da área de reprodução, psicopedagogos e psicólogos, o grupo Gametas, Sentimentos e Palavras vai proporcionar debates e troca de informações recentes sobre tratamentos, técnicas e abordagens médicas, saúde, equilíbrio emocional e direitos, além de dar apoio aos que desafiam o problema.

Os encontros acontecem uma vez ao mês, todas as terças-feiras, às 19h30, e é totalmente gratuito. “O nosso objetivo é proporcionar o resgate dos casais que vivenciarem problemas de infertilidade e perdas gestacionais que estão fragilizados”, afirma o ginecologista Manoel Sarno, um dos coordenadores do grupo. Segundo ele, o grupo foi inspirado em um centro de apoio para mulheres com câncer de mama que ele participava na cidade de Campinas, São Paulo. “Nesse centro, além do resgate da auto-estima, as pacientes passaram a ter informações sobre alguns direitos que não conheciam. Já existem algumas clínicas particulares que proporcionam esse tipo de apoio, mas a nossa principal vantagem é que a pessoa interessada não precisa ser vinculada a nenhum serviço do hospital”, salienta.

Os encontros mensais, com duração de uma hora, vão ser realizados em dois momentos. Os primeiros 15 minutos serão dedicados a palestras e debates com especialistas. Os 45 minutos restantes serão abertos para depoimentos e relatos de vivências pessoais de casais. “O grupo vai ter vida própria. Vamos ter relatos de casais que tiveram experiências bem-sucedidas e mal-sucedidas. Cada um vai poder dar a sua contribuição com naturalidade e mostrar que algumas tentativas podem não dar certo num primeiro momento, mas dar certo em outros”, diz Manoel Sarno.

Diversas causas podem dificultar gravidez

O ginecologista Manoel Sarno afirma que é cada vez maior o número de casais que não vivenciam uma gravidez bem-sucedida. “A infertilidade pode ser um problema apenas da mulher, do homem ou de ambos”, salienta. No caso da mulher, as principais causas estão relacionadas a alterações hormonais, gravidez tardia, infecções no útero e trompas e tabagismo. Já no caso dos homens, os possíveis fatores de risco à infertilidade podem estar ligados à quantidade insuficiente e qualidade dos espermatozoides.

Os abortos de repetição, que atingem 5% dos casais em idade reprodutiva, ocorrem com maior probabilidade devido a problemas de resistência natural do organismo. Um dos principais riscos para o aborto é o excesso de compatibilidade imunológica. “O casal que possui fatores imunológicos parecidos, têm poucas chances de ter boas respostas à gravidez”, ressalta. Doenças autoimunes e problemas sanguíneos também são grandes fatores de risco.

Fonte: Correio da Bahia – Cilene Brito