Indução de anticorpos bloqueadores

Indução de anticorpos bloqueadores (MLR-Bf) e proteção de perda fetal: um estudo duplo cego randomizado de imunização com linfócitos paternos em mulheres com aborto recorrente e espontâneo

Artigo publicado pelo prestigiado “International Immunopharmacology”, demonstrou a eficácia da terapêutica imunológica no tratamento do aborto recorrente, abrindo nova perspectiva para mulheres com dificuldade para levar a gravidez a termo.

Em estudo conduzido pelos especialistas Manoj Kumar Pande e Suraksha Agrawal, respectivamente da Clínica Mayo (Rochester-EUA) e do Departamento de Genética Médica em Luknow (Índia), um total de 124 mulheres com causas desconhecidas de abortamento recorrente foram incluídas para imunoterapia em um estudo duplo cego randomizado com recrutamento aleatório em uma lista de pacientes.

A pesquisa avaliou a eficácia da imunoterapia com linfócito paterno e sua relação com o desenvolvimento da reação de bloqueio por anticorpos, resultando em gravidez em até 84% das mulheres com aborto espontâneo recorrente. O anticorpo MLR-Bf foi adotado como fator de imunoterapia. Observou-se que nas mulheres imunizadas, houve um significativo aumento do nível de MLR-Bf (>30) e taxa de sucesso de gravidez de 84%, comparativamente às que receberam linfócitos autólogos (33%), terça parte do linfócito (31%), solução salina estéril (25%) ou àquelas que não receberam nenhum tratamento. Os resultados confirmaram a importância da imunoterapia com linfócitos paternos em mulheres com histórico de abortos espontâneos recorrentes e também mostraram o peso decisivo do MLR-Bf como um dos fatores para o aumento das taxas de gravidez.

Todas as mulheres participantes do estudo receberam seis imunizações idênticas com intervalo regular de quatro semanas, e foram então examinadas para o desenvolvimento do MLR-Bf após a completa imunização, e também no primeiro, segundo e terceiro trimestre de gravidez. O grupo controle do estudo foi constituído por mulheres com histórico de abortamento espontâneo recorrente que não foram imunizadas com MLR-Bf nem receberam qualquer outra terapia.

Aborto Recorrente e Espontâneo

O período mais crítico da gravidez é o primeiro trimestre. Nele, complicações afetam cerca de 1 a cada 300 mulheres. O aborto recorrente e espontâneo (RSA) pode ser definido como a ocorrência de três ou mais gestações fracassadas, do ponto de vista clínico, antes da vigésima semana de gravidez, contada a partir da última menstruação, ou quando o feto não pesa ainda 500g. Na grande maioria dos casos, a causa é desconhecida. Inúmeras hipóteses associam o aborto a problemas relacionados à genética, anatomia, endocrinologia, anomalias da placenta, consumo de cigarro e álcool, exposição a fatores ambientais como o chumbo, mercúrio e radiações por óxido etileno e ionização.

O RSA pode ser classificado como aborto primário e aborto secundário. Os primários são aqueles que se referem às mulheres que perderam todas as gestações. Já o secundário diz respeito àquelas mulheres que pelo menos tiveram uma gravidez bem sucedida, independentemente do número de abortos. Estudos epidemiológicos sugerem que o risco de perda de gestações subseqüentes é de 24% depois de gravidezes clinicamente perdidas, 30% depois de três e 40% depois de quatro abortos espontâneos consecutivos.

Gradualmente, os estudos têm demonstrado que o reconhecimento imunológico é de vital importância para a manutenção da gravidez e que o reconhecimento inadequado dos antígenos fetais pode levar ao aborto nas mulheres que apresentam quadro de RSA.