Nos casamos em 2004 e não tínhamos pressa de ter filhos, ainda jovens, colocamos outros planos em primeiro lugar. Somente em 2007 deixamos de nos prevenir e eu engravidei, foi uma gravidez desejada e estávamos radiantes de felicidade, mas a nossa felicidade durou pouco, pois com apenas seis semanas tive o sangramento e fui ao médico, confirmando o aborto espontâneo. Dois meses depois do primeiro aborto descobri que estava grávida novamente, bateu toda aquela insegurança e medo, os quais foram confirmados novamente com seis semanas, tive outro aborto.
Fiquei bastante abalada e procurei logo por respostas. Fui à Goiânia e iniciei um tratamento, fazendo inúmeros exames, nada dava alterado, somente deu alterado o exame de fosfatidilserina e o médico me disse que eu teria que tomar injeções de heparina. Fiquei preocupada, comecei a pesquisar a respeito na internet, entrando no site do Dr. Ricardo Barini, especialista em imunologia da reprodução. No retorno ao médico ele se mostrou inseguro quanto ao caso, ao comentar que a dosagem da injeção ele veria com um colega de São Paulo, especialista da área, e eu perguntei o nome deste médico, quando ele disse: Ricardo, eu completei… Barini. Tinha conhecido ele através da internet.
Abandonei o médico de Goiânia e através do site, consegui o telefone e marquei uma consulta via telefone com o Dr. Ricardo Barini. Li pra ele todos os resultados dos exames feitos em Goiânia e ele me confirmou que a pesquisa tinha sido ótima e que meus exames estavam ótimos, exceto pela fosfatidilserina, que ele pedia para ser repetida num laboratório de confiança e faltava um exame, o crossmatch (que indica problemas relacionados a imunologia). Coletamos o sangue e enviamos via sedex 10 para São Paulo para que o exame fosse feito, mas um erro no cep e o material perdeu. Fizemos novamente a coleta e enviamos e o resultado deu negativo. Apresentamos muita compatibilidade imunológica, portanto o tratamento indicado foi a imunoterapia com linfócitos (coleta sangue do marido e separa os glóbulos brancos que são aplicados na mãe). Fizemos duas imunoterapia, com a maior dificuldade de ir do Mato Grosso à Brasília só para fazer essa vacina, e no mês de dezembro fizemos o exame do crossmatch e não havia positivado. Lá fomos nós pra mais uma imunoterapia. Da minha cidade no Mato Grosso até Brasília dá 700 km e nós chegamos a ir duas vezes num mês. A distância era muita e financeiramente também foi muito dificil para nós, hoje penso e nem sei como conseguimos.
Finalmente em janeiro de 2009 positivou e ficamos liberados pra engravidar. Eu já estava tomando vitaminas desde agosto quando comecei o tratamento com o Dr. Manoel Sarno estava preparadíssima pra tentar. Janeiro, fevereiro e março se passaram, todos meses tomei o fragmin e fiz o exame de gravidez dando negativo. Em abril comecei a me sentir mal, tinha feito o exame de sangue e tinha dado negativo, estava tomando remédio pra infecção de urina, tinha até ido à um urologista pois estava tendo infecção recorrente, desde dezembro. Comecei a ficar mal do estômago a vomitar, a sentir cólicas e falava que não estava grávida, pois tinha feito o exame. Até que resolvi ir à cidade vizinha com minha irmã pra fazer o exame novamente. Meu marido estava fora acompanhando a mãe dele numa cirurgia para retirada do câncer de mama, estava pra Goiânia há uns 20 dias. O exame deu positivo e eu fiquei preocupada, logo no mês em que não estava tomando o fragmin, eu estava sentindo cólicas, eu estava tomando remédio pra infecção de urina o medo da perda me sufocava. Liguei pro meu marido e falei que o exame tinha dado positivo, mas alguma coisa estava errada, eu não estava me sentindo bem.
Minha gravidez correu muito normal. Me senti bem até o fim, fiz o parto cesariana com uma hemorragia que foi controlada e minha filha Julia (que significa alegria) nasceu com 2.790 gr, medindo 47 cm, super saudável. É uma princesa, que nos traz muitas alegrias, dá um trabalhão cuidar de uma criança, mas é a coisa mais maravilhosa da minha vida. Eu farei tudo de novo para dar um irmãozinho ou irmãzinha para ela. Tem dias que choro olhando pra ela, já chorei de tristeza, hoje choro de alegria.
Hoje ela está com 8 meses, já sorri e pega as coisas. É muita esperta e manhosa. Eu digo que é minha oncinha, quando quer uma coisa (seja mamar, ou que a gente caminhe com ela) ela não desiste chora até que consegue.
No começo muitas pessoas próximas, parentes e amigos que tinham medo das reações, do risco de hemorragia por causa do anticoagulante me falaram para eu pensar melhor, que talvez fosse melhor deixar assim do que correr riscos. E eu pensei e tem uma frase minha que resume meu pensamento: “Para se conquistar grandes sonhos, sempre há grandes riscos. Você é que deve decidir se poderá viver sem ter se arriscado.” Eu não poderia viver sem ter tentado. Mas antes fracassar na tentativa do que nunca tentar.