Uso de Imunoglobulina venosa em FIV

Revista: Early Pregnancy. 2000 Apr;4(2):90-8

Aumento das taxas de gravidez após FIV/ETE com uso de Imunoglobulina Intravenosa em mulheres com elevação das células C56+ (NK) circulantes

Autores: Coulam CB, Goodman C.

Centro de Reprodução Humana, Chicago, EUA.

Foi demonstrado que a Imunoglobulina Intravenosa (IgIV) aumenta as taxas de sucesso de gravidez após falhas em ciclos de Fertilização in Vitro e Transferência de embriões (FIV/ETE) em mulheres com boa produção de embriões (fertilização de, pelo menos, 50% dos oócitos e gerando, no mínimo, 3 embriões por ciclo).

Mulheres que apresentaram falhas em implantação têm, mais frequentemente, alto percentual de células CD56+ (Natural Killer-NK) circulantes (>12%) em comparação com mulheres férteis (3-12%).

Para avaliar o efeito da IgIV nas taxas de sucesso de gravidez em mulheres com elevado percentual de células NK circulantes, 32 mulheres que apresentaram previamente falhas em ciclos de FIV/ETE (>12 embriões transferidos sem gravidez) foram estudadas.

As taxas de gravidez e nascidos vivos foram comparadas nestas mulheres. Todas 32 mulheres tiveram falhas em ciclos de FIV/ETE após, pelo menos, 12 embriões transferidos, foram eficientes em produzir os embriões e tiveram altos percentuais de células NK circulantes. Cada mulher recebeu 500mg/Kg de IgIV antes da transferência do embrião. Se a concentração do hCG sérico demonstrasse positividade para gravidez, IgIV era continuada na dose de 500mg/Kg/mês até 28 semanas de gestação.

As taxas de gravidez com e sem IgIV foram 56% e 9% (p<0,0001).

As taxas de nascidos vivos foram 38% com IgIV e 0% sem IgIV (p<0,0001).

O uso de IgIV aumentou as taxas de gravidez e nascidos vivos em mulheres com elevação das células NK circulantes que tiveram história prévia de falhas em ciclos de FIV/ETE.

Apesar dos avanços tecnológicos em Reprodução Humana na elevação das taxas de fertilização após FIV, as taxas de implantação após a transferência dos embriões não apresentou elevação significativa nos últimos 20 anos.

Taxas de implantação após FIV/ETE são influenciadas pela qualidade do embrião e receptividade do endométrio. A receptividade do endométrio envolve os fatores hormonais e imunológicos.

Dentre os fatores imunológicos que exercem papel importante no sucesso da implantação do embrião, estão as células NK. As células NK, presentes na decídua, que expressam CD56 e não o CD16, foi associado com o sucesso da implantação. Uma deficiência destas células na decídua e uma elevação das células CD56+ circulantes, têm sido observado em mulheres com falhas de ciclos de FIV/ETE.

Mulheres com história de falhas em ciclos de FIV/ETE têm sido tratadas com sucesso com a IgIV. A IgIV reduz a ativação das células NK e a sua atividade assassina, tanto in vitro como in vivo. Esta redução na atividade das células NK é essencial para uma implantação normal.

Para definir o papel da IgIV no tratamento das falhas de FIV/ETE, taxas de gravidez e nascidos vivos, foram comparados o tratamento com IgIV antes e depois em mulheres submetidas à ciclos de FIV/ETE que tinham elevação das células NK.